Aparentemente, a banda larga móvel surgiu do nada, mas de repente, de modo inquestionável, o acesso à internet por meio de redes móveis de alta velocidade mudou de patamar em 2008 - direcionado anteriormente ao mercado de negócios de grandes empresas, hoje está disponível para as massas. Isso impulsionou a difusão de assinaturas em banda larga móvel para cerca de 200 milhões em 2008, podendo chegar a 1,5 bilhão em 2013.
Mas o que provocou todo esse sucesso da banda larga móvel e por que ela está destinada a crescer em taxas tão impressionantes? Talvez o fato possa ser mais bem ilustrado se analisarmos o WAP, a primeira tentativa das operadoras de oferecer internet via celulares.
No início do século, o WAP foi lançado como o top das tecnologias. Contudo, embora o WAP esteja gerando receitas e seja lucrativo (pelo menos, em algumas regiões), ele nunca chegou a satisfazer as expectativas geradas pelas projeções. Houve quatro grandes barreiras que ficaram no caminho de seu sucesso comercial:
Limitações dos dispositivos em termos de tamanho de tela e capacidade de processamento;
Restrições de conteúdo que prendem os clientes nos portais das operadoras de celular;
Acesso lento à internet;
Preços confusos, por Megabyte.
Deste então, ocorreram duas importantes transformações que mudaram o mercado. Primeiro, progressos tecnológicos nos proporcionaram alta velocidade, redes 3G+
e dispositivos sem limitações em termos de tamanho de tela e capacidade de processamento. Segundo, as operadoras de internet móvel passaram a oferecer navegação gratuita e pacotes de preços de utilização de taxa fixa.
O alinhamento desses fatores foi essencial para a difusão da banda larga móvel. A questão que fica agora é: a banda larga móvel chegou para ficar?
Segundo o MAVAM - Monitor Acision de VAS Móvel (Acision Monitor of Mobile VAS), que trimestralmente monitora, revisa e analisa as principais tendências do mercado brasileiro de Serviços de Valor Agregado (VAS) móveis, no Brasil, apenas 9% dos consumidores usam a Internet móvel, indicando uma oportunidade de receitas para as operadoras de serviços móveis que implementarem serviços de banda larga móvel diferenciados, com diferentes parâmetros de cobrança.
Observa-se que as tendências globais mostram um aumento no uso da Internet móvel, com o aperfeiçoamento da tecnologia 3G e da melhor experiência do usuário em relação ao seu aparelho de celular. Isso permitirá que amplos segmentos da população nacional – que normalmente não têm acesso à banda larga em linhas fixas – sejam incluídos na revolução digital. Isso quer dizer que a banda larga chegou para ficar, porém algumas coisas precisam ser mudadas.
O resumo disso tudo é que a banda larga móvel progrediu muito em pouco tempo. A difusão é, no mínimo, impressionante, e o crescimento das receitas parece sólido como uma rocha. Em um número cada vez maior de mercados, ela até tem se desenvolvido como um substituto maduro à banda larga fixa. Então, os planos de precificação com tolerância de uso por taxas fixas cumpriram sua missão. Mas as consequências dessa estratégia só estão se revelando agora, e as operadoras de internet móvel perceberam, para sua tristeza, que este modelo não vai permanecer sustentável.
Ele não fornece as ferramentas para impedir congestionamento de rede e garantir qualidade de serviço durante horários de pico. E os modelos rígidos de precificação proíbem que as operadores gerem receitas adicionais. Se não houver alguma mudança, as operadoras de internet móvel correm o risco de se tornarem vítimas de seu próprio sucesso.
Está claro que as operadoras não podem simplesmente continuar a percorrer o caminho que escolheram. Elas têm de abordar o maior dos desafios: como criar um business case lucrativo e continuar competitivas? Quais provedores de conteúdo estão transferindo enormes volumes de dados sem compensação pelo uso da rede? Então, como posso controlar os custos e, ao mesmo tempo, gerenciar a qualidade do serviço e aumentar a receita média por usuário, o ARPU?
Uma saída para maximizar os lucros é observar o potencial de fluxos de receita adicionais. As operadoras têm a oportunidade de desenvolver um leque de serviços de valor agregado capaz de monetizar seus recursos exclusivos de mobilidade, combinando-os com recursos de rede e aplicativos. Estes serviços podem, claro, ser usados para diferenciação competitiva ao serem colocados gratuitamente à disposição dos usuários.
As operadoras de telefonia móvel têm de abandonar os modelos estáticos de precificação e criar ofertas de pacotes direcionados para segmentos específicos de usuários, aplicativos, localizações ou tempo de uso. Elas precisam observar os lucros por megabyte para continuar obtendo sucesso com a banda larga móvel. Essa será a chave para o futuro dessa tecnologia.
0 comentários:
Postar um comentário